sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Do meu jeito.


"Você pode ficar um pouco mais aqui ?". Eu estava no meu horário de almoço e na época tinha o previlégio de contar com 2 horas de descanso, afinal trabalhava muito além das oito horas estipuladas.

"Sim, Júnior, posso sim, claro...e sinceramente, tô tão cansado e o dia tá tão lindo lá fora que me deixa com mais vontade de espreguiçar aqui..."

Ele andava inquieto pelo apartamento, pois era o dia dele dar um jeito naquela desordem, segundo suas próprias palavras.
Apesar de já terem se passado praticamente 18 anos lembro como se fosse ontem.

Está certo que em nossa memória muita coisa se mistura com o que realmente aconteceu e aquilo que gostamos de recordar. Neste caso a situação é bem clara em minhas recordações.

 Provavelmente os detalhes foram substituídos ao longo dos anos por outros que minha mente produziu para que ficasse registrado o mais importante daquele dia.
"Então, deita um pouco aí no sofá enquanto termino de lavar o banheiro aqui, só falta o box mesmo..."
Não pensei duas vezes e me esparramei no sofá, com uniforme e tudo (sim, usava-se calça social e camisa branca na empresa) para logo em seguida começar a cochilar bem de leve. O solzinho batendo em meu rosto me deu uma sensação de alívio misturada com relaxamento indescritível. E naquela tarde, ali naquele apartamento na Brigadeiro Luiz Antônio em um final de semana calmo, bem raro na cidade e muito mais naquela região, tive um dos momentos mais singelos que me recordo.

Júnior terminou o que estava fazendo e ao retornar a sala, me encontrou esparramado no sofá, e eu deveria estar com um ar de satisfação pelo descanso tão grande, que ao invés de me acordar tocando meu braço ou algo assim, chegou bem perto do meu rosto e me deu um beijo daqueles calmos, feitos para acordar quem a gente gosta. O detalhe mais afetuoso da lembrança é que ele estava com o rosto todo molhado e aquele contato dos seus lábio molhados com os meus, me fez acordar de uma maneira tão boa que ao escrever isto fico meio emocionado.

Como disse, pode parecer uma cena perfeita demais, mas é assim que minha mente traduz o que aconteceu naquele dia.

É fascinante o quanto nossa memória pode nos ajudar a enfrentar a vida. Certificar que em algum momento, ou mesmo em vários deles, soubemos como ir em frente, desviar ou parar quando era necessário.

O estigma da covardia que hoje parece uma marca feita a brasa em minhas costas e que arde cada vez que sou lembrado disso, seja direta ou indiretamente, tento despistar buscando essa e outras situações afetivas que me trazem o conforto necessário para continuar desenhando meu caminho, do meu jeito, ao meu modo e no meu tempo...

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Cuida de teu coração.

Uma querida amiga postou uns dias atrás esse texto numa rede social e eu gostei tanto que fui atrás da origem e descobri que é de um dos autores que mais admiro. Me disse muito,viu ? Beijos Priscila Sepulvida...

"Vai devagar… Pensa duas, três, quatro, quantas vezes forem necessárias pra não fazer bobagem. 
Cuida do teu coração, cuidado com quem você deixa entrar. Espera o tempo passar. Acredita menos… As pessoas não são tão legais quanto aparentam ser. 

Quem acredita menos, sofre na mesma proporção. Até quando você achar que é verdade, desconfie um pouquinho. Faz bem não se entregar totalmente logo de cara. Se arrisca mais, por você. 
Tenha coragem para dizer tudo que tens aí guardado. Seja forte para conseguir se manter calado perante alguns. Muda de rumo. Quando te mandarem ir por lá, vai pelo outro caminho. Ou vai apenas, pelo caminho do teu coração. 

Se você não aguentar mais fingir… Chore. Depois que você acabar de chorar, vai sentir-se mais leve. 
E então vai levantar a cabeça, lavar o rosto, pôr uma roupa bonita no corpo, um sorriso escandalosamente lindo no rosto e dizer que chega, que você vai é ser feliz. Eu sei, é assim mesmo.

E vai funcionar! Não diga “nunca”, nunca. Irônico, não? Mas não diga. Porque essa vida é incrivelmente engraçada. Mais uma coisa. Você não pode ter medo que as pessoas te machuquem, viu. 

Porque as pessoas vão te machucar de vez em quando, até mesmo aqueles que você mais confia e admira.
Não vão fazer por mal, mas somente porque são humanos. Cometemos erros ridículos com pessoas maravilhosas. Faz parte. Não esquece que cada um é cada um. Somos diferentes.

Graças a Pai Oxalá, somos. Vive um dia por vez, sem pressa e sem querer ser mais rápida que o tempo. 
E por favor, vai ser feliz, que você ainda tem muito por viver."

(Caio Fernando de Abreu)