segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Escuta, Zé Mané!


Mesmo após quase 3 dias com uma infecção que insistiu em me atormentar, na sexta feira já estava me sentindo um pouco melhor e consegui ir com o Gilmar assistir a peça "Escuta, Zé Mané!" lá no Sesc Paulista. Já tinha perdido os ingressos da peça "Bruta Flor" que veria na quinta mas não consegui.

Foi uma noite agradável e tava precisando mesmo de ver algo interessante e que me fizesse sentir parte da cidade novamente...

Na peça, o ator Paulo César Peréio vive um sujeito atormentado pelos seus ''eus''.

O texto, inspirado em "Listen, Little Man!", do psiquiatra austríaco Wilhelm Reich (famoso por ideias libertárias em relação ao sexo, a sentimentos e à política), foi adaptado e transfigurado pelo próprio Peréio. "O que eu quis foi popularizar o Reich. Trazê-lo para perto das pessoas e de questões cotidianas. Também quis mostrar seu lado mais político, que é o que pouca gente conhece, não é?"

O ponto de partida do espetáculo é uma simples palestra, ministrada por um híbrido Peréio/Reich. A partir de determinado ponto, Peréio/ Reich começa a ser assombrado pelos seus outros "eus": o masculino, interpretado por João Velho (filho de Peréio), e o feminino, papel assumido pela atriz Neca Zarvos. Assim, Peréio/Reich constrói pontes entre o psiquiatra, o ator e a história brasileira dos últimos 50 anos.

Os atores João Velho e Neca Zarvos fazem um interessante trio com o grande Peréio. São papéis interessantes e muito sinceros.

A quantidade de idéias, fatos, conceitos e assuntos debatidos no decorrer do espetáculo é incrível. Como comentei depois com o Gilmar, essa peça é uma daquelas que você vai assistindo, ouvindo o que os atores/personagens dizem e vai assimilando de imediato algumas idéias na sua vida. Tudo muito rápido e de forma agradável. Mesmo com temas tão difíceis para serem tratados, a leveza de algumas cenas e o bom humor injetado em algumas falas, tornou tudo mais digerível e de fácil assimilação.

Difícil é esquecer de algumas falas que praticamente colocam o dedo no nosso nariz e dizem : "Escuta aqui,seu Zé Mané.." e por aí destilam vários traumas, preconceitos, dogmas e mesquinharias que carregamos ao longo da vida. Seja por qualquer razão, cultura, ensinamento e crença não vale a pena reproduzirmos atitudes que condenamos em outras pessoas e acabamos repetindo em maior ou menor grau. Se puder vá assistir...Uma boa experiência!


domingo, 29 de novembro de 2009

Irina Palm - Quase um mês depois....


Eu desaprendi a escrever no meu prórprio blog....como isso é possível? Será que alguém consegue explicar tal feito? Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, preocupações, mudanças repentinas de planos, tudo isso e mais algumas coisas devem ter contribuido para meu abandono.

Mas eis que em um sábado como esse em que minha saúde ficou um pouco comprometida, obrigando-me a ficar em casa, estou aqui tirando uma disposição sabe-se de onde para continuar aquio que comecei a mais de um ano...Manter meus registros em ordem, contar meu cotidiano, exorcizar meus fantasmas, dar meus gritos, exalar meu perfume, opinar, reclamar e por fim admirar a vida que pulsa aqui dentro de mim.
Vou recuperar um pouco de onde parei. Como já tinha começado esse assunto, melhor dar continuidade né?
Esse foi um dos filmes que vi recentemente e que me deu fortes impressões sobre como o falso moralismo e a hipocrisia causam problemas seríssimos.

Em Irina Palm acompanhamos a inacreditável estória de Maggie (Marianne Faithfull), uma mulher de cerca de 50 anos que precisa conseguir dinheiro para o tratamento de seu neto Ollie (Corey Burke), que possui uma rara doença. Maggie, depois de vender sua casa, procura trabalho desesperadamente e acaba aceitando trabalhar em um sex club do subúrbio londrino. Seu mais novo trabalho é a mais incomum das atividades (pelo menos para mim), ficar masturbando homens através de um "buraco" na parede. Em poucos tempo seu trabalho "manual" conquista vários clientes e ela se transforma na principal atração do local e trabalha cada dia mais. Nesse meio, Irina Palm, nome artístico recebido por Maggie, conhece Mikky (Miki Manojlovic), dono do Sexy World; aos poucos, ele se transforma numa estranha surpresa na vida da protagonista.
Por mais chocante que pareça a premissa da trama, digo-lhes que foi um dos filmes mais sensíveis que assisti nos últimos meses. Valores familiares, amizades verdadeiras, moralismo e amor pelo próximo são assuntos mais do que discutidos ao longo do filme e no final fica aquela sensação de querer que o mundo realmente seja mais tolerante e que as pessoas prestem mais atenção aos seus sentimentos. E isso não é pouco...