terça-feira, 17 de agosto de 2010

Dignidade gay em Ti Ti Ti

Algumas semanas após a novela Ti Ti Ti ter estreado na Rede Globo, me senti confortável para falar algo rapidamente sobre um assunto interessantíssimo e de certa forma original na forma como vem sendo tratado.
O jovem casal gay Julinho e Osmar,foi apresentado desde o primeiro capítulo com frases e atitudes que até então eu não havia presenciado na televisão e ainda mais nesse horário.
Frases como "Eu te amo", "Eu sou o namorado do seu filho" entre outras e ainda troca de carinhos e beijos no rosto que deixam para longe qualquer bobagem sobre a necessidade de ter beijos na boca em uma novela.
Após a morte de um deles, cuja familia não entendia sua forma de viver, uma amiga dele e o namorado por algumas circunstâncias tipicas de folhetim foram morar na mansão da mesma familia que havia deixado o filho gay de escanteio.
O pai deixou claro desde o início da trama que acha o filho anormal. O irmão que parecia entender a orientação sexual do próprio irmão também demonstrou que não ficava tão a vontade com isso. E a mãe, debilitada com uma doença e religiosa ao extremo acredita que o filho na verdade tinha engravidado essa amiga, que hoje mora na casa dela, antes de falecer.
Os diálogos entre o namorado do filho e mãe do mesmo, têm sido uma agradável surpresa após tantas novelas fracassarem em retratar gays em suas tramas.
Desde o casal Sandrinho e Jefferson de "A Próxima Vítima" de Silvio de Abreu que eu não via algo tão natural e gostoso de acompanhar.
Em um dos diálogos com sua amiga Marcela (Isis Valverde), o personagem Julinho (André Arteche)aponta para um cena que acontece na sala da casa da família do namorado falecido. Um estilista muito afetado solta veneno sobre pessoas do mundo da moda e todos riem a vontade. Nesse momento, Julinho diz a amiga Marcela: " Tá vendo? Eles não tem problemas com gays. Desde que não sejam da família e os façam rir". Excelente.
Em outro momento marcante, a mãe do rapaz falecido comenta com Julinho que sabe que ele é gay e demonstra pena pela suposta "dúvida existencial" pela qual o rapaz está passando. Em algumas trocas de idéias, Julinho deixa claro que está feliz com sua vida e que a religião, argumento usado pela mãe de seu falecido namorado, não pode responder e nem direcionar nada em seu modo de viver.
Sinceramente, tenho acompanhado com gosto o desenrolar de uma estória que tem tocado de forma simples e direta sobre um assunto que quase ninguém quer falar.
O amor entre dois rapazes, onde pais,irmãos e amigos estão diretamente envolvidos nos resultados que isso pode acarretar nas vidas deles.
Dignidade total, graças ao talento de Maria Adelaide Amaral, autora do remake dessa novela do saudoso Cassiano Gabus Mendes.
Torcerei para que o assunto não se perca como aconteceu em tantas novelas até hoje.

Um comentário:

Massao disse...

Confesso, não sou noveleiro (rs), mas sempre que a questão da homossexualidade é tratada com muito respeito merece ser destacada.
Abs Rai!