segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Não é fácil ser inteiro.


Todo mundo sempre sabe o que é melhor para você. Todo mundo. Menos você, claro.
E esse tipo de modo de vida não é previlégio dos dias de hoje. Se você parar e pensar um pouco mais irá perceber que desde muito jovem esse desenho já estava sendo formado.
Começou quando tive que trabalhar na idade que hoje todos somente estudam. Depois veio a parte dos amigos, quais seriam as melhores companhias e quais os que poderiam influenciar "sobre os males do mundo".
Como no período da adolescência o fato de ser gay já era iminente dá para imaginar o tamanho do nó que isso causa na cabeça de um jovem.
Mas com isso, e há de se agradecer por ser gay, vieram também todas as diferenças na maneira de pensar e agir, nos lugares onde frequentar e o que se ler e por aí vai.
Como acabei constatando anos mais tarde, o refinamento cultural e artístico é algo mais notado na comunidade gay mesmo. Em uma palestra que ouvi semana passada na ABRAT GLS ( Associação Brasileira de Turismo para Gays) foi dito claramente que muitos gays por serem sempre discriminados, usam isso inteiramente a seu favor se tornando os melhores em seus campos de atuação e em sua vida social. Daí vem essa tão comentada característica.
E assim a vida vai caminhando e aprendemos que temos que representar diversos papéis.
No trabalho, em casa, com os amigos e com as supostas namoradas. Várias pessoas dentro de uma só. Não me pergunte em nome de quê isso era feito. Não tenho respostas.
Já na idade adulta e depois de muito lutar contra comigo mesmo, veio o período de calmaria.
A maturidade é a mais sábia das conselheiras. Coloca tudo em seu devido lugar, a importância de todas as coisas são redimensionadas e o alívio vem justamente desse ponto.
Saber que a vida profissional, familiar, social e amorosa andam em conjunto. E aonde estiver faltando algo ou simplesmente fora do lugar, é possível chegar e dar o devido valor para aquela situação.
Se há algo de mais valioso em tudo isso que passamos ao longo da vida, digo com sinceridade que a aceitação das escolhas que fizemos é a melhor delas. Aceitar quem eu sou. Ser quem eu sou.
Se os outros "aceitam" ou não, isso já não é uma questão a ser resolvida por mim. As minhas já estão em minhas mãos. Ser gay não é fácil, mas fingir que não é dá muito mais trabalho e causa um sofrimento desnecessário para si mesmo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tenha certeza de que essa constatação é o melhor caminho. Saber quem é e ser feliz com isso realmente não tem preço. A verdade não está lá fora. Está dentro!
Bjss

Anônimo disse...

"Ser gay não é fácil, mas fingir que não é dá muito mais trabalho e causa um sofrimento desnecessário para si mesmo"

...

Sabemos o qto isso é complicado e nos faz, de fato, sofrer muito mais.
Graças a DEUS vivo a calmaria nos meus 21 anos...

=D