terça-feira, 28 de julho de 2009

Dias de Campo Belo


Um final de semana extremamente aborrecido. Não lembro de outro final de semana ter sido como esse. Estava numa insatisfação que não conseguia explicar nem para eu mesmo.

Tempo frio, ora nublado, ora chuvoso só serviu para colaborar com a apatia.

Mas eis que domingo a noite meu fim de semana foi salvo!

Fui como o Gilmar assistir a peça "Dias de Campo Belo" na Vila Zélia onde encontramos com o Edison e mais duas amigas dele. Além da própria Vila ser um lugar incrivel que eu ainda não conhecia, a peça foi apresentada num dos casarões antigos que ainda resistem ao tempo dando um clima mais intimista ao espetáculo.

"Dias de Campo Belo" de William Costa Lima que também atua na peça com Vitor Belíssimo é um retrato do mundo masculino.

As amizades de longa data, as conversas, as risadas e a cumplicidade que os homens conseguem manter ao longo dos anos são mostradas de forma fragmentada fazendo com que quem assista interprete quem são aqueles homens e como se desenvolve a estória de cada um.

Pais, irmãos, avôs, amigos e amantes são papéis que desempenhamos todos os dias.

A parte mais nítida de tudo é o amor que não diz a que veio. Uma das relações que mostra dois amigos que ao longo dos anos prometem um ao outro que sempre estarão juntos, que nada mais importa no mundo além das risadas, das brincadeiras e dos momentos intimos que eles compartilham deixa claro a necessidade de que temos que ter coragem para encarar aquele amor de frente. Tenho comigo que muito gays já passaram por isso. Principalmente os que tiveram uma criação mais severa onde a paixão pelos primeiros amigos era sufocada pelo código de conduta masculina onde homem não chora e não pode gostar de outro.

Os banhos de riacho, as bebedeiras onde tudo se torna desculpa para o toque, o pegar, o abraçar e até o beijar tornou mais aflitivo ver o rumo que a estória daqueles dois homens estava tomando.

Ao longo da vida ainda viriam as mulheres e filhos que acabariam por suforcar mais ainda o desejo cada vez mais forte, mas que sucumbia a falta de coragem e auto-sabotagem.

Saí do espetáculo com uma certa melancolia justamente por me conhecer em vários momentos e lamentar por muitas coisas terem acontecido daquela maneira. A mesma falta de coragem que identifiquei nos personagens representados pelo William Costa Lima e Vitor Belissimo, foi a mesma que me acompanhou durante toda minha adolescencia e boa parte da vida adulta.

Como eles disseram várias vezes a respeito do Baile da Saudade, ele tem motivos para se chamar assim, pois invariavelmente se tornará motivo para se ter saudades.

E muito momentos hoje serão motivos de saudades um dia. Por isso temos que torná-los bons sempre, porque saudade só é boa quando nos remete à bons momentos. Como naqueles dias em Campo Belo...


Espetáculo: Dias de Campo Belo

Texto e Direção: William Costa Lima

Elenco: Vitor Bellissimo e William Costa Lima

Temporada: De 11 de julho a 02 de agosto

Dias/horário: Sábados às 20h e domingos às 19h


Capacidade: 50 lugares.

Aceita somente dinheiro e cheque.

Acesso universal.

Valor do Ingresso: R$ 20,00(inteira) / R$ 10,00(meia)

Classificação indicativa: 12 anos

Duração: 60 min

Mais informações: (11) 8634-2385

2 comentários:

Anônimo disse...

Q massa Raí!
Show de bola o que vc trouxe pra nós hein.
Fiquei até curioso pra ver, acredita?

=D

"Como naqueles dias em Campo Belo..."
Vlw então -


Abração.

Unknown disse...

Oi Raí!
Que bacana o que você escreveu sobre a peça!!! Fico extramente feliz em saber que pessoas como você foram prestigiar nosso trabalho.
Vamos prorrogar a temporada até o último final de semana de agosto. Recomende se puder, nos ajudaria muito.
No mais, um grande abraço para você.