terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Parentada



Familiares distantes parecem todos iguais. Pelas estórias que ouço de amigos ou pelos contos que leio me parece que todos agem da mesma forma.

Após alguns meses sem um contato mais próximo com meu pai,( desde 1989 meus pais são separados) recebi um convite dele para almoçar. O argumento não poderia ser melhor "Vem almoçar aqui que vai ter baião-de-dois"...Como todo nordestino que se preze, não perderia essa chance de degustar uma refeição tão saborosa.."Ah , e sua madrinha estará aqui também, ela não te vê desde que você nasceu.."

Tendo aceito o convite pensei "Gente, eu tenho 37 anos...não conheço quem é essa madrinha e o que tenho para falar com os parentes de meu pai com quem não tenho o menor contato?"..Aff
Bom, não custa nada fazer esse agrado para meu pai né? Tantos meses sem vê-lo...

Meio que desconsolado ainda apelei para meus irmãos em buscar de alguma parceria..."Ih Raí, domingo não vai rolar, tem jogo do São Paulo"..."Putz cara, nesse domingo tô trabalhando"..."Ah, não posso ir, tenho compromissos lá na igreja..."

Pronto. Tava sozinho nessa.
Já resignado me dirigi para o almoço já imaginando como seria.

É incrível como as pessoas não te vêem a mais de 20 anos e quando isso ocorre os comentários são incrivelmente desnecessários:

"Eita, mas tú tá gordo hein? Tá forte né?"

" Nossa quanto tempo, e aí, não casou ainda porquê hein?"

"Tá disputando com o José para ver quem fica mais tempo solteiro é?"

Olha só pedindo ajuda a Gizuiz para me limitar a esboçar um meio sorriso e balbuciar meia dúzia de palavras que não explicam nada porque não há o que se explicar.

Claro que na mente as respostas estavam mais do que prontas..."Estou fora de forma sim,mas por sedentarismo e não por excesso de pinga como deve ser o seu caso né"..." Não casei ainda, talvez quando o casamento gay for permitido no Brasil daí te convido"..."Casar para ser infeliz no casamento e ainda levar chifres do(a) marido/esposa como você, acho melhor não..."
Mas em nome dos bons modos ensinados por meus pais o meio sorriso prevaleceu.

A boa surpresa foi realmente ter conhecido a senhora gentilíssima que é minha madrinha. Muito carinhosa, fiquei algum tempo ouvindo estórias da amizade que uniu muito minha mãe à ela quando moravam no Ceará. Gostoso saber do passado de minha mãe quando eu nem era nascido ainda. Me senti muito bem com ela que demonstrou felicidade em me rever depois de muitos anos e ainda me disse "Melhor assim viu? Eu acho que você está certíssimo, aproveitar a vida vale muito mais. Casar pra quê?"

Ah , sem falar no almoço que estava daquele jeito que todo cearese gosta. Baião-de-dois, mugunzá e cuscuz...Comi que fiquei até triste.
Apesar dos comentários ácidos que fiz aqui e dos que ouvi lá, foi um bom domingo.
Quem nunca ouviu nada parecido nos famosos almoços familiares?
Pelo menos terei alguns meses pela frente antes me aventurar por esses encontros novamente.

Um comentário:

rafinha disse...

HUMMMM adoro baião de dois....
Realmente almoço em familia é algo que sempre nos coloca em xeque... tem gente que olha mas não encherga...
abraços ami go e estou com saudades dos nossos papos via MSN...

se cuida...