quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Milk - De igual para iguais


Encerrando meu feriado de maneira primorosa aliás, assisti Milk - A voz da igualdade logo após O Lutador.

E eu achando que a cidade estava vazia... O cinema estava simplesmente lotado, fila para comprar ingresso, fila para entrar na sala e para tomar um cafezinho. E fila enormes.

Fico até feliz de ver tantas pessoas indo ao cinema ainda mais para ver filmes relevantes como é o caso de Milk.

O filme retrata a vida do ativista Harvey Milk (Sean Penn premiado com o Oscar de Melhor Ator) que até o início da década de 70, era apenas Harvey Bernard Milk, funcionário de uma companhia de investimentos de Nova York. Ao se mudar para o Distrito de Castro, em São Francisco, tomou contato com a contracultura, deixou o cabelo crescer e assumiu a homossexualidade. Foi o primeiro gay a ser eleito supervisor do Condado de São Francisco. Sua trajetória foi interrompida ao ser assassinado por Dan White (Josh Brolin indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante), um adversário político, em 1978.

O diretor Gus Van Sant disse que a trajetória de Milk o ajudou a assumir sua homossexualidade publicamente aos 30 anos. O cineasta famoso por seu filmes de cunho mais intimista como Elephant, Garotos de Programa e Paranoid Park, mostra nessa cinebiografia que continua sensível como sempre, mas sem paternalismo para com seu personagem.

O grande trunfo do filme sem dúvida alguma está na entrega dos atores em dar vida a personagens que existiram e que existem ainda ativos na vida política.

Sean Penn emociona e mostra toda sua força em um papel totalmente diferente de tudo que ele havia feito antes e sua sintonia com James Franco ( de Homem Aranha) é excepcional. James aliás tem um carisma impressionante na tela como Scott Smith, namorado de Harvey Milk. O mesmo não pode ser dito de Diego Luna ( Terminal, E sua mãe também) afetadíssimo e visivelmente desconfortável no papel de um dos namorados de Milk que vieram após o rompimento dele com Scott.

É impressionante a força da estória que Van Sant tem em mãos. O roteiro de Dustin Lance Blank, premiado com o Oscar inclusive, conseguiu ter a dose certa da vida pessoal e política de Milk sem pesar em nenhum dos lados.

Historicamente importante, esse filme é daqueles para lembrar sempre e entender mais sobre como as pessoas ainda que anônimas, conseguiram ser valentes o suficiente para mudar a história de um país para que muitos fossem benefíciados, ainda que muitos gays hoje não valorizem o fato de que se podem andar de mãos dadas na Av Paulista, foi porque lá atrás algumas pessoas foram perseguidas, presas e assassinadas para que um simples ato como esse fosse encarado de forma mais natural.

No final da do filme, eu vi algo que nem me lembro de ter presenciado antes. Aplausos e mais aplausos encerraram a sessão. Emocionante.

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