terça-feira, 17 de março de 2009

Entre os muros da escola


Tive uma experiência diferente ontem ao assistir no HSBC "Entre os muros da escola", filme ganhador da Palma de Ouro em Cannes ano passado.

Muitos filmes nos fazem pensar e esse exemplar francês com certeza cumpre direitinho a missão.

Saí estarrecido com a constatação sobre a falência do sistema de ensino. E mesmo que a ação se passe em outro país, não é necessário nenhum esforço para identificarmos exatamente aquilo que vemos em telejornais, reportagens em revistas especializadas e até em nosso cotidiano, que infelizmente pouca coisa pode ser feita para mudar.

Eu digo isso no coletivo, pois ainda acredito na mudança individual mas daí fazer com que várias pessoas de diferentes condições sociais, intelectuais e culturais cheguem a um consenso é uma tarefa mais do que árdua. E isso os professores sabem mais do que ninguém. Posso falar por experiência própria. Já lecionei jovens de outro país, crianças carentes em ONG´s e outros de escolas públicas. Mesmo não sendo em período integral já deu pra sentir que a responsabilidade na formação de um indivíduo vai além do mero conhecimento.

A trama de "Entre os muros da escola", baseada em livro homônimo de François Bégaudeau que atua no filme como protagonista, ele relata sua experiência como professor de francês em uma escola de ensino médio na periferia parisiense, lugar de mistura étnica e social, um microcosmo da França contemporânea.

Um caldeirão efervescente, um cotidiano sempre a um passo da explosão seja da parte dos professores ou dos alunos. Duas cenas emblemáticas marcaram o filme em minha opinião:

Em uma delas os jovens aproveitam-se da infeliz colocação do professor François (François Bégaudeau) em relação ao comportamento de duas alunas para criarem uma situação que foge do controle culminando em um ato de violência. Na outra uma jovem deixa claro e da forma mais sincera possível que não conseguiu aprender nada durante o ano letivo, não vendo razão para estar ali. São cenas que nos forçam a encarar a triste realidade do ensino hoje.

Seja na França ou aqui mesmo em nosso bairro.

2 comentários:

Alysson Lisboa Neves disse...

Oi Raí. Escolas quando são muito rígidas podem se transformar em palco de grandes tragédias como aquela escola alemã na semana passada. Outras liberais demais podem se transformar na Escola Plural do Governo de Minas onde o aluno nunca toma bomba. O que é certo é que a escola deixou de ser, a muito tempo, o almoxarifado do conhecimento. Hoje deve-se pensar na troca de informação entre mestres e alunos. O conhecimento entra pela janela em qualquer lugar! Abraços

Anônimo disse...

Boa Raí!
Como sempre, nos levando a conhecer um pouco mais da atualidade.
Mas é isso mesmo, nós que nos formamos em Universidades Públicas já sabemos o quanto temos que correr atrás das coisas, quanto mais crianças indefesas que não têm condições NENHUMA de ter acesso a escola privada!
Muito complicado!
No entanto, mas do que esforço individual, precisamos de polítcas públicas reais.
Aí sim veremos mudanças!

abração Raí!