terça-feira, 19 de maio de 2009

Valsa com Bashir



Nunca minha rotina foi tão desejada. Depois de um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo, voltei ao tão sonhado cotidiano.

Ontem consegui ir ao HSBC Belas Artes com o Gilmar para assitirmos o documentário/animação Valsa com Bashir.

Como lidar com um passado marcado por bombas, sangue, injustiça, invasão e massacre? Negar, culpar-se, traduzir, reler? A opção do cineasta israelense Ari Folman passou pelo processo de negação, que causou lapso de memória, para trabalhar a experiência e chegar a uma definição, após uma longa viagem pessoal.

O resultado é Valsa Com Bashir, que competiu pela Palma de Ouro em Cannes em 2008 e ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

O longa é feito em animação com desenho à mão. A história é autobiográfica. Folman integrou as tropas israelenses que invadiram o Líbano há 26 anos.

Em junho de 1982, alegando que vinha sendo atacado por palestinos baseados no Líbano, Israel invadiu o país. Inicialmente, os judeus ocupariam apenas uma faixa de segurança para neutralizar os ataques, mas Ariel Sharon, à época Ministro da Defesa, estendeu a invasão até Beirute.

Dois meses após a entrada de Israel, Bashir Gemayel, presidente eleito do Líbano, foi assassinado por radicais sírios e palestinos. O fato serviu de pretexto para o avanço dos judeus, que penetraram pelo oeste da capital. A invasão resultaria no assassinato de três mil palestinos, em apenas três dias, episódio conhecido como Massacre de Sabra e Chatila.

O tema, essencialmente tenso e motivo de discórdias, é tratado pelo gênero da animação neste trabalho, que pode tanto suavizar como ressaltar momentos contados pelos entrevistados. No filme, após ter o mesmo pesadelo por noites seguidas, Folman, em auto-interpretação, conversa com um amigo terapeuta, que o aconselha a visitar antigos colegas de exército para relembrar o que aconteceu. A cada encontro com um amigo, as memórias dos horrores vêm à tona. (Fonte: Cineclick).

A cena que dá título ao filme com o soldado atirando para o alto como que dançando uma valsa embaixo do cartaz de Bashir Gemayel é inesquecível.

Fiquei arrebatado com o visual impressionante do filme, com imagens que dificilmente sairão de minha mente. No final dá aquele sentimento de aperto no coração por saber que aquilo ocorre no mesmo mundo em que vivemos. Acho que nunca me senti tão abençoado por ter nascido desse lado do continente.

Os horrores da guerra e dos massacres só estão mais suavizados devido as imagens serem mostradas no formato de animação, mas ainda assim dá vontade de virar o rosto por alguns minutos.

Um lindo trabalho para se refletir e muito sobre a falta de sentido de uma guerra.

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